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terça-feira, 5 de junho de 2012










Núpcias


Estamos distantes,
cada vez mais:
pela idade,
pela falta de tesão,
pela estética das coisas (não vemos mais as cores solteiras de antes);
vivemos distantes ainda:
pelas doenças,
pelos remédios  e 
refeições; a  mesa da cozinha, uma Rio-Niterói entre nós.
nas dezenas de tvs espalhadas pela casa,
na hora de fazer sexo (quando há);
no interior do  carro enorme,
nas reclamações,
nas reivindicações,
nas crenças,
nas músicas,
no volume delas,
na disputa do banheiro,
na triste escolha dos programas de tv,
no passeio.


na rotina diária cavamos uma trincheira
entre a conquista
e o casamento.
Lamento.



quinta-feira, 10 de maio de 2012

diapasão






Normal nesta manhã de outono,
o abandono e o sono.
que razão é esta que implica neste frio
de inverno não começado?
que vazão é esta do tédio escorrendo 
na saudade?
a  quantos sentimentos o corpo tem que se sujeitar, 
e em qual deve estacionar?
nenhuma resposta. nenhuma proposta.
aposto: se houver um beijo, um olhar e um vinho
segue-se caminho, primavera, verão
vocês verão.

segunda-feira, 5 de março de 2012

madrugada





Já se passaram horas, 
o sono escapou por entre os sentimentos.
Os sons escondem-se dos meus ouvidos,
nesta solidão sem fim.
Alguns amigos estão se indo
procurando outras janelas;
a gente vai ficando aqui, envelhecendo, empobrecendo
esperando uma curva nesta reta infindável.
Os olhos de quem nos acompanha, de perto,
vão perdendo o brilho, a fé e a vontade de vencer.
não há nenhuma dor maior que o vazio
a perda do rumo e do ritmo
quisera ouvir uma música eterna
que tocasse sempre em meus silêncios
 numa rádio que nunca fecha.