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quinta-feira, 31 de março de 2022





revista
 

Batem à minha porta,
comida delivery!
Aqui na madrugada viajo na  minha vida antiga
vagueando sem preciosidade dentro da minha idade;
O destino vai se acanhando todo dia trazendo algumas enfermidades:
são as nossas frustrações entupindo a aorta;
remediar são os gritos ecoados para dentro,
saudade tatuada em nossos corações,
desilusão;
a efemeridade do tempo, agride as recordações
da nossa intimidade a cada hora invadida,
pelo celular em viva voz, pelo latido do cão, barulho do trem, caminhão,  motocicleta, tv em volume alto, 
pela minha dieta que fica em todas as promessas de início na segunda feira.
As coisas se repetem, a barriga crescendo, a cirurgia, o câncer, 
o marca-passo as dores passo a passo, lombar;

Minhas liberdades evocam a seus limites, mas os estupram.
Quero minha canção preferida de volta
no sorriso ou talvez no choro
de um saxofone solitário à noite num barzinho
que serve pastel de palmito e um cálice de cachaça.

 












terça-feira, 5 de junho de 2012










Núpcias


Estamos distantes,
cada vez mais:
pela idade,
pela falta de tesão,
pela estética das coisas (não vemos mais as cores solteiras de antes);
vivemos distantes ainda:
pelas doenças,
pelos remédios  e 
refeições; a  mesa da cozinha, uma Rio-Niterói entre nós.
nas dezenas de tvs espalhadas pela casa,
na hora de fazer sexo (quando há);
no interior do  carro enorme,
nas reclamações,
nas reivindicações,
nas crenças,
nas músicas,
no volume delas,
na disputa do banheiro,
na triste escolha dos programas de tv,
no passeio.


na rotina diária cavamos uma trincheira
entre a conquista
e o casamento.
Lamento.



quinta-feira, 10 de maio de 2012

diapasão






Normal nesta manhã de outono,
o abandono e o sono.
que razão é esta que implica neste frio
de inverno não começado?
que vazão é esta do tédio escorrendo 
na saudade?
a  quantos sentimentos o corpo tem que se sujeitar, 
e em qual deve estacionar?
nenhuma resposta. nenhuma proposta.
aposto: se houver um beijo, um olhar e um vinho
segue-se caminho, primavera, verão
vocês verão.

segunda-feira, 5 de março de 2012

madrugada





Já se passaram horas, 
o sono escapou por entre os sentimentos.
Os sons escondem-se dos meus ouvidos,
nesta solidão sem fim.
Alguns amigos estão se indo
procurando outras janelas;
a gente vai ficando aqui, envelhecendo, empobrecendo
esperando uma curva nesta reta infindável.
Os olhos de quem nos acompanha, de perto,
vão perdendo o brilho, a fé e a vontade de vencer.
não há nenhuma dor maior que o vazio
a perda do rumo e do ritmo
quisera ouvir uma música eterna
que tocasse sempre em meus silêncios
 numa rádio que nunca fecha.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

juizo

dentre muitos anos
a vida se dilui em segundos,
escada, subida,
descida deslizante;
nos anais, registros banais
frases triviais.
levadas a sério
rompimento severo
luzes perdendo energia
tênues cordões desatando
parecendo dizer adeus.
haverá volta?
cortinas de desentendimento estendem-se no horizonte.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Do que podemos falar?
de beleza que passa nas calçadas
enfeitadas com rímel, cremes, batons. sombra e silicone?
Do alto do salto, um sorriso que não se mostra
uma solidão que se amostra
ou um anel escondido na bolsa.
olhos negros, azuis, verdes,
lagrimas brancas
nas peles brancas, negras, amarelas e vermelhas:
o amor não têm tom
o sofrimento não escolhe a pele
doi exatamente do mesmo jeito em todos,
só a felicidade parece ter mil e uma cores
e não desfila nas calçadas, nem está ao alcance da beleza

segunda-feira, 7 de março de 2011

fim de festa


quadro Miguel S.Zanirato


Ao meio dia
o sol se alinha com meu tédio
acaso alguém tem alguma coisa com isso?
quem se importa
que as mulheres amem
e os homens prefiram sexo?
quem se importa?
O que se avizinha,
me parece, que há mais solidão
entre um e outro do que possa crer nossa vâ filosofia
A gente rala na performance
e elas rolam cada vez mais no coração.
Haverá príncipe encantado?
quando se tem 15 anos, sempre há de tudo.
O problema são os anos,
que devolvem a visão, os pés no chão,
e a solteirice, cada dia mais notória.
Então ai vem a
produção independente,
e se escapa deveras
da velhice abandonada.